By Eden Antonio
O Sabor que Conquistou o Mundo: Como a Nando’s Tecelou Ubuntu, Arte e Frango na Alma de uma Marca Global.
A história da Nando’s começa em 1987, num subúrbio de Joanesburgo, quando dois amigos, Fernando Duarte e Robert Brozin, entraram num pequeno restaurante de frango chamado Chickenland. Mas o que eles experimentaram naquele dia não foi apenas uma refeição, foi uma explosão de sabores, o frango peri-peri, uma receita de origem Moçambicana com raízes portuguesas.
Eles compraram o negócio no mesmo dia e rebatizaram-no como Nando’s, em homenagem ao filho de Fernando. Mas o que parecia ser apenas mais uma rede de frango tornou-se algo muito maior: um fenómeno cultural sul-africano com alma moçambicana e ambição global.
A Nando’s não vende apenas frango, vende conexão e essa conexão é sustentada por três piplares principais: o sabor autêntico do peri-peri, o apoio vibrante à arte africana contemporânea e uma cultura corporativa ancorada no conceito de ubuntu – “eu sou porque nós somos”.

O Sabor que Uniu Dois Países
O grande diferencial da Nando’s sempre foi o peri-peri um molho picante feito da malagueta africana, com influências da colonização portuguesa em Moçambique. Esse tempero não era apenas um ingrediente; era um símbolo de resistência cultural e de fusão de histórias.


- Autenticidade como Alicerce:
Enquanto redes globais padronizavam sabores, a Nando’s abraçou suas raízes luso-africanas. Eles não suavizaram o sabor para paladares internacionais; desafiaram-nos a experimentar algo genuíno. Essa ousadia tornou-se um dos pilares da marca. - Da África do Sul para o Mundo:
A primeira loja fora da África do Sul abriu em Portugal em 1992 uma volta às origens simbólica. Hoje, estão presentes em mais de 30 países, do Reino Unido ao Brasil, sempre mantendo a identidade cultural como estandarte.
A Arte como Linguagem da Marca
Se o peri-peri conquistou o paladar, a arte conquistou o coração e os olhos. Dentro de cada Nando’s, clients são recebidos por uma galeria de arte vibrante, irreverente e profundamente africana.


- Um Palco para Artistas Continentais:
A Nando’s não decora paredes; ela investe em artistas. Desenvolveu um dos maiores programas de patrocínio de arte contemporânea africana no mundo. Artistas como Beezy Bailey, Nelson Makamo e Blessing Ngobeni tiveram suas obras expostas em restaurantes que são, efetivamente, galerias acessíveis.


- Arte como Crítica Social:
Muitas peças escolhidas pela Nando’s são politicamente ousadas, satirizando figuras públicas ou comentando questões sociais. A marca nunca fugiu de assuntos delicados, usando a arte para provocar reflexão e ás vezes polêmica enquanto janta. - O Impacto Económico por Trás da Estética:
Ao comprar, encomendar e exibir milhares de obras, a Nando’s injetou milhões na economia criativa africana. Eles não apenas decoraram espaços; criaram um ecossistema de valorização artística.
Ubuntu nos Negócios “People Are Everything”
Assim como Erin Limbert no Mangwanani, a Nando’s opera sob uma premissa simples: pessoas importam mais que lucros. E essa filosofia vai desde as cozinhas até as comunidades.
- Funcionários como Embaixadores:
A marca investe pesadamente em treino e capacitação, muitas vezes promovendo de dentro. Muitos gerentes começaram como atendentes. Há um senso de família e oportunidade que permeia a cultura interna. - Intervenção Social com Humor e Coragem:
A Nando’s usa sua voz para causas sociais. Durante a pandemia, ofereceu refeições gratuitas a profissionais de saúde. Na África do Sul, lançou campanhas contra a corrupção política com humor ácido arriscando-se, mas ganhando o respeito do público. - Compras Locais, Impacto Local:
Eles priorizam fornecedores locais sempre que possível, especialmente para ingredientes como o peri-peri, apoiando agricultores em Moçambique e na África do Sul.
Vidas Transformadas: Histórias Reais de Collaboradores Nando’s
A verdadeira medida do sucesso de uma empresa está nas vidas que ela impacta. Estes são três exemplos reais de como a Nando’s não apenas emprega, mas transforma destinos:
Maria do Carmo – De Empregada de Mesa a Gerente Regional (África do Sul)
Maria do Carmo começou na Nando’s como empregada de mesa em 2005, num restaurante de Joanesburgo. Imigrante moçambicana, ela enfrentava barreiras linguísticas e dificuldades financeiras.
- Oportunidade através da Formação: A Nando’s ofereceu-lhe cursos de inglês e formações em atendimento ao cliente. Ela destacou-se pela empatia e capacidade de liderança informal.
- Ascensão Interna: Em 4 anos, tornou-se supervisora de turno. Em 2012, foi promovida a gerente de restaurante. Hoje, é Gerente Regional, responsável por 5 unidades.
- Impacto: Maria não apenas melhorou de vida ela comprou uma casa e colocou os filhos na universidade mas tornou-se mentora de jovens imigrantes na empresa.
Luis Nhaca – De Lavador de Louça a Proprietário de Franquia (Reino Unido)
Luis chegou ao Reino Unido como refugiado moçambicano em 2003. Conseguiu o primeiro emprego na Nando’s de Londres como lavador de louça.
- Cultura de Meritocracia: Seu compromisso e positivo chamaram a atenção. Foi incentivado a participar do programa de treino de gestão da Nando’s.
- Jornada de Crescimento: Passou a cozinheiro, depois assistente de gerente. Em 2015, tornou-se gerente de uma unidade movimentada em Manchester.
- Conquista Máxima: Em 2021, com apoio da Nando’s, tornou-se franqueado, adquirindo sua própria unidade. Ele é hoje um dos poucos franchisados negros no sector no Reino Unido.
Anabella Silva – De Atendente a Directora de Marketing (Brasil)
Anabella entrou na Nando’s de São Paulo em 2010 como atendente. Estudante de publicidade, ela via no emprego uma forma de pagar a faculdade.
- Criatividade Reconhecida: Ela sugeriu campanhas locais nas redes sociais, que foram implementadas com sucesso. Seus chefs encorajaram-na a apresentar ideias à equipa de marketing.
- Transição de Carreira: Foi transferida para o escritório regional, onde estagiou no departamento de marketing. Após formar-se, foi efetivada.
- Posição de Liderança: Hoje, é Directora de Marketing da Nando’s para a América Latina, desenvolvendo campanhas que celebram a cultura africana e brasileira.
O Modelo que Deu Certo – E Por Que Funciona
A Nando’s é prova de que autenticidade escala. Seu sucesso global deve-se a:



- Diferenciação Cultural: Eles não tentaram ser mais um fast-food. São uma experiência cultural gastronómica.
- Consistência na Qualidade: O sabor do peri-peri é rigorosamente controlado em todo o mundo.
- Marketing Inteligente e Engajado: Campanhas ousadas que geram conversa orgânica e identificação emocional.
Uma Lição para o Mundo dos Negócios
A Nando’s ensina que uma marca pode ser global na presença e local na alma. Ela não esconde suas raízes, celebra-as. Não explora cultura, investe nela. E, acima de tudo, entende que o sucesso lasting vem não apenas de servir bons produtos, mas de servir um propósito.
Assim como o Mangwanani de Erin Limbert, a Nando’s é um farol para empreendedores que acreditam que empresas podem e devem ser veículos de valor humano, cultural e social.
Ela não vende frango.
Ela vende a África com orgulho.
E o mundo todo quer provar.
