Celebrar O Amor

By Eden Antonio

O Cheiro da Chuva e da Infância
Há um cheiro que persegue a memória: o da primeira chuva sobre a terra seca, o do carvão a acender no fim da tarde, o do perfume da avó uma mistura de mandioca ralada e sabão azul. Esse cheiro é uma porta. E se fecharmos os olhos, podemos voltar a ser crianças outra vez: correr descalças sobre a terra quente, rir sem culpa, cantar sem saber que um dia a vida nos pediria tom certo, letra certa, momento certo.

O Amor é a Única Moeda que Nunca se Desvaloriza

Não há presente maior do que amar e ser amado. É a única moeda que nunca desvaloriza, a única língua que todos falamos mesmo quando a esquecemos. O coração humano é mesmo um porão grande escuro às vezes, cheio de tralha antiga, mas lá no fundo guarda a luz dourada dos grandes amores. Aqueles que doem de tão bons.

1. Voltar a Ser Criança: A Coragem da Inocência

A vida tenta nos ensinar a ter medo. Medo de errar, de não ser levado a sério, de parecer fraco. Mas o amor verdadeiro exige que a gente esqueça essas lições.

Como a menina que dança sozinha no quintal,
sem saber que está a inventar uma coreografia
que salvará alguém adulto, num dia cinzento.

História Pequena:
Em Luanda, dona Maria, 75 anos, todas as manhãs canta “Muxima” enquanto rega as plantas. Não importa se desafina. Importa que seu falecido marido a amava assim—cantando errado, mas com alegria certa.

Como bell hooks nos ensina:
“Amar é voltar a confiar. É entregar a mão sem medo de ser puxada ou largada.”

2. Cantar Sem Vergonha: O Amor Como Afinação

Há canções que só são bonitas quando cantadas por vozes quebradas. Porque o amor não é sobre perfeição—é sobre verdade.

Como o velho pescador na praia de Durban
que canta para o mar como se chamasse um amante,
e o mar responde, trazendo peixe e perdão.

História Pequena:
No Cairo, um grupo de idosos reúne-se todas as sextas para cantar canções dos anos 60. Eles riem, erram a letra, começam de novo. Ninguém grava para o Instagram. É só para eles—e para a memória de quem já se foi.

Provérbio suaili:
“Wimbo wa mapendo hauwezi kwisha.”
(“A canção do amor nunca termina.”)

3. O Porão do Coração: O Amor Que Fica

Alguns amores doem tanto que pensamos que nunca vamos sarar. Mas a verdade é que eles não se vão—transformam-se em estrelas-guia.

Como a avó que guarda cartas de amor de 1965,
mesmo sabendo que o homem que as escreveu
já se foi há 20 anos.
Elas cheiram a poeira e a promessas.

História Pequena:
Em Dakar, Aminata, 80 anos, ainda escreve todas as noites para o marido falecido. Ela não envia as cartas—guarda-as numa caixa de sapatos. “É a nossa conversa”, diz ela. “O amor não precisa de internet.”

Como os Escritores da Liberdade nos lembram:
“Algumas histórias não precisam de plateia—precisam apenas de corações que as guardem.”

4. Amar É Um Acto de Rebeldia

Num mundo que nos diz para sermos produtivos, ocupados, durões, escolher amar com ternura é revolucionário.

Como o pai que deixa de trabalhar no domingo
para brincar no chão com os filhos,
mesmo que os vizinhos o chamem de “pouco ambicioso”.

História Pequena:
Em Joanesburgo, Thabo, um executivo, abandonou um emprego de alto nível para abrir um jardim infantil. “As crianças”, diz ele, “lembram-me que o amor é a única herança real.”

bell hooks ensina:
“Amar é recusar a lógica do capitalismo que diz: ‘Só vale o que produz’.”

A Dança Sem Fim

Amar é isso:

  • Cantar mesmo desafinado
  • Guardar cartas que ninguém mais lerá
  • Andar descalço na relva pela pura alegria de sentir
  • Lembrar que um coração não envelhece—só expande

O amor é a mesma história antiga que nunca cansa de ser contada. Porque, no fundo, todos somos crianças à procura de uma mão para segurar—no escuro, na luz, no meio do medo.

Provérbio de encerramento (em iorubá):
“Ifẹ́ ni òpòlọpò ìyẹn; a kì í bẹ̀rù àìfojú.”
(“O amor é multitude; não tememos o invisível.”)

Este texto é um convite:
Fecha os olhos. Senta no chão. Lembra-te de quem amas— e de quem te ama. Isso é tudo. Isso é sempre tudo.

Que tal se criássemos agora uma versão deste texto para partilhar nas redes sociais, com imagens que capturem estas emoções? Posso ajudar a adaptar para diferentes plataformas!

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